segunda-feira, 9 de julho de 2012

Há os Giggs, e depois há os Saviolas...

Muito se fala da questão da idade num jogador de futebol. Quando um jogador ultrapassa a barreira dos 30 anos, está condenado ao asilo - é uma contagem decrescente de todos os olhos postos em cima do jogador, quase que desejando que finalmente arrume as botas. Mas felizmente, os grandes clubes e selecções mundiais têm vindo a resistir a esta tendência tão ibérica de encostar os jogadores com muitos anos nas pernas. Exemplos como Andrea Pirlo ou Buffon na Juventus e na selecção da Itália, Seedorf, Nesta, Zambrotta, Inzaghi no Milan ou de Scholes e Giggs no United mostram-nos que o futebol acaba quando tem que acabar, não há idade definida. No próprio Benfica, Saviola mostra-nos que não é necessário ser-se trintão para estar acabado para o futebol. A idade é uma variável importante, mas não é certamente a única a definir a longevidade de um jogador. Factores genéticos, sanitários ou de modo de vida muito terão a dizer neste campo também, afinal basta olharmos para Ryan Giggs do alto dos seus 38 anos e a forma como disse há pouco ter numa vida regrada o segredo para a sua longa carreira. E afirmo sem pejo que Giggs faz mais em campo com 38 anos do que Saviola com 29 anos, aliás toda a gente o vê. Isto mostra que depois há uma outra coisa que é também muito importante, a vontade, a motivação, o estado de espírito. Giggs tem, Saviola não tem. 

Há jogadores de quem não se pode esperar um ritmo sempre elevado, como tiveram quando há 5 ou 10 anos atrás. São mais experientes, contudo menos pujantes. Mas há momentos em que a experiência faz a diferença, e neste campo que o diga Inzaghi. E a paixão também faz, que o diga Scholes, regressado de uma carreira terminada para ajudar o meio-campo do United. Paixão pela nossa camisola é coisa que alguns jogadores vão tendo, mas se há coisa que o Benfica nos tem habituado é a não dar o devido valor a quem sua, sente e sofre o símbolo. Os realmente bons são os de fora, os que vêm da América do Sul e que fazem chantagem para se irem embora, ou os que chegam com a promessa de fazer do Benfica uma "ponte aérea" para um tubarão. Choca-me a forma como foi tratado o Nuno Gomes, como foi tratado o Petit, como foi tratado o Leo. Todos eles jogadores que deram tudo pela camisola, mas que de uma forma ou de outra acabaram escorraçados pelas portas fora. De que fibra queremos feita a nossa equipa afinal? Dos mercenários ou dos fiéis, que dão o que têm e não têm? Quem tem afinal o perfil para jogar no Benfica? 

Simão tem. O mesmo Simão que demonstrou a sua vontade de voltar à sua casa, a nossa casa, o Estádio da Luz. O mesmo Simão que é capaz de mostrar ao Nico Gaitán de que fibra é feito um Benfiquista, o mesmo Simão que é capaz de mostrar a esse argentino mandrião que não é só chutar e cruzar, é preciso suar, suar e lutar. Não haverá espaço no Benfica para um jogador experiente e que pode e quer dar o seu contributo? Haverá só espaço para os Saviolas e Gaitáns, que sentem tanto a camisola encarnada como eu sinto a do Boca Juniors?

Simão quer o Benfica, mas o Benfica não quer o Simão. É falso. Quem não quer o Simão é o Jorge Jesus, treinador do Benfica. Nós, a multidão que grita em silêncio, queremos o Simão, queremos o nosso pequeno capitão. Afinal de contas, não foi um velho e acabado Rui Costa que veio passear ainda a sua classe na Catedral com 34 anos? Não será o nosso melhor jogador um mágico com 32 primaveras nas pernas, escrupulosamente as mesmas que o pequeno Simão? Perguntem lá isto ao Jorge Jesus, se faz favor. 

Por mim, volta já. Que saudades tenho do pequeno Capitão a voar baixinho, rente à relva da Catedral...




1 comentário:

Unknown disse...

Foi o que mais me custou nestas últimas transferências, o Simão não ter voltado.
Foi o nosso melhor jogador na última década, mesmo quando não jogava bem jogava melhor que todos os outros!
Ele mais do que ninguém merecia voltar para o Benfica, podia não ser titular mas iria dar um jeito e ser muito importante em determinados momentos, para além de que seria bom para o balneário.
Mas não, à que comprar mais outro extremo, um tal de Salvio que, por melhor que seja, já tinhamos 13124123123, ou um Lima para estar no banco quando podia estar numa equipa e marcar mais golos como o de ontem.

O tempo do Vieira e o Jesus já acabaram.
Metam o Rui Costa a presidente, director desportivo e treinador, irá fazer tudo com amor ao clube.