quinta-feira, 29 de julho de 2010

E amanhã...

... Paredes de Coura. Falharei a primeira noite, mas todos sabemos que a primeira é para os patos. A segunda e terceira, essas, agarra-las-hei com as duas mãos.


domingo, 25 de julho de 2010

Do "Where" para o "Who"


Houveram tempos em que a qualidade era entendida em termos geográficos. Quando alguém via um "Made in China", automaticamente depreendia que o produto era de fraca qualidade; se por outro lado estivesse na etiqueta um "Made in Italy", o produto era aceite como de qualidade superior. Não que isto esteja completamente errado, mas o enhancement da noção de marca - bem como a criação de estilos de vida baseados nelas mesmas - vieram alterar um pouco este cenário.

Podemos, a título de exemplo, examinar um Apple iPhone. Esta peça de design e engenharia contemporâneos, tida por muitos como essencial num estilo de vida metropolitano, é exactamente produzida na China. A questão é: será que continuamos a ver este Made in China como sempre vimos o Made in China? Não, absolutamente não. Porque a avaliação deixa exactamente de ser focada no "Where" e passa completamente para o "Who". Sabemos que é uma peça Apple, confiamos nela porque é uma peça Apple. Que interessa onde é montada? Faria realmente alguma diferença que fosse montada em Itália ou na Alemanha?

Claro que não. Porque hoje não confiamos na geografia, confiamos na marcas. Vivemos na aldeia global, onde a noção de marca e consequentemente a noção de pertença e confiança quebra todas as barreiras sociais, geográficas e políticas para se centrar nas marcas em que confiamos. No pós-guerra americano, seria difícil ver um americano a conduzir algo que não fosse um Buick, um Chevy ou algo do género - desde que produzido na América. Hoje em dia, os americanos conduzem Mercedes, conduzem Toyota e mais! - renderam-se à fiabilidade de essas e outras marcas. Estamos na aldeia global onde os ingleses bebem Merlot e os alemães vestem Nike! O patriotismo perde vertiginosamente terreno para o lifestyle fornecido pelas marcas, e o argumento do orgulho nacional deixa de valer só porque sim.

PS: No que aos produtos nacionais e regionais diz respeito... É preciso defender o produto nacional - sempre - mas há que encaixar o conceito de marca. Há que trabalhar a marca em primeiro lugar, e depois sim, contar com a qualidade do produto per se como argumento de aprovação e consequente fidelização. Seduzir, conquistar, fidelizar. Seduzir... Conquistar... E fidelizar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Está mesmo uma noite impecável...

... Para beber minis como se fossem acabar amanhã. Primeiro porque soube agora que fiquei como 8º suplente no mestrado no qual pretendo entrar, o que me dá um sentimento agri-doce. Por um lado está melhor, bem melhor que o 59º lugar como suplente do ano passado. Por outro fico muito FODIDO se mesmo assim não entro.

Ah, isto enquanto decido se vou a Paredes de Coura ou não, ou a ver se arranjo uma pobre alma que me acompanhe. Porque o bicho vai pegar. YEAH!


domingo, 18 de julho de 2010

Do existencialismo



Quando falamos na existência de um Ser Superior, automaticamente pensamos em Deus e na sua definição e caracterização cristã: o pai de toda a criação, que enviou o seu filho ao mundo para fazer um punhado de boas acções e sacrificar-se na cruz pela humanidade, ressuscitando 3 dias depois.

Sinceramente não acredito nestes contos de fadas. Não acredito em Jesus Cristo como descrito na Bíblia, não acredito na Virgem Maria nem acredito na multiplicação dos pães. A minha visão sobre isto é que não passam de metáforas que algum dia uma bem intencionada alma escreveu como forma de transmitir a sua visão de um conto de fadas, tencionando com isto ensinar alguma coisa a quem lhe sucede. O grande problema disto tudo é que remontando aos nossos antepassados, a cultura e a sabedoria não abundavam, eram antes um exclusivo das elites. Como tal, onde há ignorância há facilidade em manipular... E qual seria o interesse da corte e do clero (as elites) em que o povo fosse, de alguma forma, possuidor de conhecimento? Conhecimento esse que, naturalmente, lhes afrontaria como uma ameaça ao seu poder e à sua posição dominadora (tomemos o exemplo da Inquisição)? Pois bem, nenhum. Assim sendo, a religião foi tomando os contornos que lhe conhecemos hoje, relacionando sempre determinado acto de desobediência aos standards como uma punição futura, qual cartão de crédito a cobrar a 60 dias. Se cobiças hoje a mulher do próximo, teu castigo chegará depois da morte. Se roubas hoje, terás lugar no inferno - o tal lugar cheio de dor e mau estar - quando um dia morreres, pois a força divina está em todo o lado, e lê até os pensamentos. Meus amigos, vamos ser francos e aceitar que toda a baboseira que nos ensinam na catequese é nada mais nada menos do que uma maneira de controlar os nossos actos, fazendo-nos acreditar em punição divina, em pecado, insinuando que tudo o que fuja dos standards é inaceitável pela força divina. Sim, vide a homossexualidade, a poligamia, o próprio desejo sexual como puramente carnal! - tudo isto é recriminado, e tudo o que a Igreja quer é um exército a seu mando, unidos em torno de uma crença absolutista que nos leva a nós, pobres robots, a cometer homicídio em massa em honra a esse tão bondoso e pacífico Deus. A Igreja é uma farsa. Era uma farsa no século XXII, continua a ser uma farsa (talvez ainda maior) em pleno século XXI; leva milhares de vidas por ano em pretensas guerras santas, em que afinal de contas ambos defendem a mesma crença apenas com nomes diferentes. O povo é estúpido, continua estúpido, e a sabedoria continua afinal nas elites.

Agora, quanto à existência do ser superior... Eu tenho o meu Deus. Tenho a minha fé. Acredito que existe um ser superior, algo responsável pelo milagre que é a vida, e pela perfeição que exibe a natureza em cada um dos seus actos. Custa-me a acreditar num ecossistema outrora tão perfeito com origem numa causa natural, custa-me a acreditar que máquina tão perfeita como o corpo humano tenha sido gerado de forma fortuita. Acredito em algo superior, bondoso, porque se não o fosse nunca seríamos abençoados com tão perfeita natureza. Também acho que a maldade acaba por ser algo de normal, aliás, acredito muito que 90% das pessoas seriam más se reagissem SEMPRE conforme as suas emoções - isto é, a maldade vive em nós. O egoísmo em particular, é algo de inato em cada um dos seres humanos que vem ao mundo, seja ele em maior ou menor escala. E o egoísmo leva à inveja, leva à cobiça e à ganância. Estas levam o ser humano a praticar actos de maldade sobre o seu próximo, seja esta maldade representada por um tiro na cabeça do abastado pela mão do rôto ou pela manipulação que a Igreja exerce sobre o rebanho que tem bem controlado, mantendo todo o poder e toda a riqueza em sua posse enquanto apregoa o bem, a ajuda ao próximo, a solidariedade - e enquanto o Papa recita o seu discurso ensaiado, morre mais uma centena de crianças com fome em África, morrem mais vinte adultos com SIDA e outros tantos vítimas da guerra santa, promovida pelo fanatismo que estes fantoches incutem desde crianças nas pobres mentes populares. Enquanto estes espantalhos constroem santuários e murais em ouro em Fátima, há um pobre aleijado a morrer de fome mesmo ao lado. Se isto é praticar o amor, se isto é o amor ao semelhante, o que será afinal a hipocrisia e a intolerância? O que é a maldade? Algo natural. Algo que está tão incutido no ser humano que só um verdadeiro acto de construção de uma imagem social pode contrariar. Não digo que o ser humano não tenha compaixão, amor, pena ou coragem em si. Tem, só que é momentâneo. São meros acessos emocionais que por momentos contrariam a nossa mente calculista e egocêntrica. Quem serão afinal os loucos? Os maus ou os benfeitores? Quem está, afinal, realmente fora do rebanho? Quem está a remar na direcção oposta afinal?

Resumindo, todo o mal do mundo não é culpa de Deus. É algo que nasce connosco, apenas é mais extrapolada em alguns do que noutros. Deus não interfere no mundo porque nós construímos o nosso destino. Acredito que temos o destino traçado, que as nossas decisões já estão todas elas tomadas, qual peça teatral. Mas acima de tudo, acredito que nos cabe a nós representar esse papel na perfeição, enquanto o grandalhão lá em cima assiste à peça confortavelmente refastelado no sofá, com um balde de pipocas e uma lata de coca-cola.